domingo, 15 de maio de 2016

ACHO QUE ME ESPARRAMEI DEMAIS!

                                   CREDO!

Por culpa sua, virei essa mulher feia e desajeitada!
Bem, feia eu sempre fui, mas até que dava um caldo.
Deprimida, confesso que vivo de olhos inchados de tanta preocupação.
Culpa sua que nem forçando-os, consigo mais abri-los.
Hoje, estou mais parecida com espantalho.
Daqueles que o povo se junta para apedrejá-lo.
Abandonei de vez até o cuidado que tinha com o meu visual.
Acho que perdi a graça com tudo.
Como ter alegria, sem você?
Por estar de olhos cerrados, aqui tudo é sombra,
e por isso o frio persiste em ficar.
Acho que o frio é na alma.
Tenho medo do escuro e preocupada com as assombrações da vida,
nem vi o tempo passar.
Atormentada comigo mesma, vejo monstros iguais aqueles que quando criança,
via nos gibis que lia sem parar.
Acabei por virar chacota, pois me pareço mais com uma vassoura das mais baratas.
Devido a minha genética, o meu cabelo é espetado por força da natureza.
E de tão arrepiada que ando, passei a assustar até os camundongos,
que por hora passam em minha frente.
CRUZ CREDO, AVE MARIA TRÊS VEZES!
Para matar um pouco da saudade que sinto, vasculhei o baú que guardo as velharias,
e tomei posse das cartas que escrevi e não enviei por falta de dinheiro.
Passei a ler e recordar os absurdos que relatei.
Irritada as esmigalhei e presenteei-as, ao vento.
Ele, o vento como não guarda rancores de nada,
tratou de levá-las para bem longe de mim.
Livre das recordações, voltei e fiquei por bom tempo sentada ao chão,
chorando em  soluços, mas percebi que nem chorando,
consegui dizer para a minha alma, o que de fato estou sentindo.
Acho que me esparramei demais.
CREDO!



































                                MARY PEGO

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