ELE FOI O PRIMEIRO HOMEM QUE TIVE A CORAGEM DE ME DECLARAR.
Já fazia mais de meses que nos esbarrávamos pela sala e pátio do colégio,
mas ainda não tinha percebido a sua existência.
No dia que o vi, ele estava verificando uma prova que tinha recebido das mãos da professora.
Perto de onde se sentava, curvado por estar lendo, seus cabelos dourados, como um manto, cobriam todo o seu pescoço, tapando também, quase todo o seu rosto. E como se estivesse preocupado com a bisbilhotice de alguém, virou a cabeça lentamente para o meu lado.
Foi neste momento que notei que os seus lindos olhos, eram azuis.
Nossa! Já de cara me apaixonei por ele.
O nome do príncipe?
ROBERTO CARLOS.
Acho que ganhou esse nome porque seus pais eram fãs do cantor.
Ele não, mas eu fiquei feito um estopim, pronta para explodir.
Uma apaixonada totalmente inocente, esperando por uma declaração de amor.
Ai meu Deus, como sou burra!
Semanas se passavam e a declaração não vinha.
Vejam o tamanho da minha esperteza?
Foi então que depois de sofridas semanas de espera, resolvi lhe escrever uma carta de amor em forma de coração. Toda desenhada, pintada e com laços cor de rosa, amarrados dos dois lados.
Assim me declarei a um homem pela primeira vez.
Mas a resposta, mesmo que muito educada, foi;
_Não. Somos muito crianças ainda. Acabei de completar treze anos. Desculpe-me, mas não penso em namorar com ninguém agora.
Eu, mesmo com os meus doze anos, fiquei um tanto desconcertada com a recusa, e passei a chorar às escondidas.
Acha pouco? Claro que não. Eu levei um fora, justamente do Roberto Carlos.
Ele, era um garoto tão bem educado que mesmo lhe entregando a carta frente aos seus e meus amigos, não deixou que ninguém soubesse do fora que me deu.
Quando lhe perguntavam sobre o episódio, ele dizia;
_A mãe dela não deixa a gente ficar por perto.
É claro que não, né?.
Dias depois da minha entrega, esperto como era, no que viu mamãe, foi de encontro dela e lhe falou meio a todos os seus amigos;
_Né que é verdade que a senhora não quer que os garotos fiquem passando a mão e nem fique por perto de sua filha?
Mamãe já de sobrancelhas erguidas por estar assustada, bradou;
_Nem pensar. Quero que os moleques fiquem longe dela, estão me ouvindo? Se ousarem, procuro os seus pais, sim? Já rouca, gritou ainda mais braba; Molecada, não respondo por mim! Vocês ainda não me viram no meu estado de revolta.
O Roberto Carlos, bancou o safado comigo.
Ele foi o primeiro homem que tive a coragem de me declarar,
mas o cachorro, matou o meu amor por ele, mesmo antes de ter nascido.
MARY PEGO