UMA CARRETA, FARIA MUITAS VIAGENS!
Amor, hoje recebi uma triste noticia.
Fiquei sabendo que saudade demais,
deixa a gente com cara de burrinho de presépio.
E só agora, depois de anos é que me vejo assim.
Há mais ou menos, três anos pra cá,
venho sentido muitas dores e depois de vários diagnósticos,
foi constatado que eram dores deixada pela saudade.
Saudades queima, arde demais!
Arde feito pimenta malagueta.
E todos esses malditos anos, você me mandou o ardor da pimenta.
Claro.
Pimenta no meu, pra você deve ser refresco.
Aguentei calada por dois anos.
Esse é o mal dos "bonzinhos" e "apaixonados."
Mas de um ano pra cá, devido a tantas feridas, passei a gritar.
No começo do último ano, gemia e chorava.
Só isso.
Mas depois passei a gritar muito.
Não abandonei os outros dois.
Fui juntando com outros que fizeram com que,
o meu caso, virasse uma aberração.
Todos os dias, junto com o meu lamento,
tirava o excesso da pimenta, que você me mandava por crueldade,
e desprezo.
Todo o excesso dela, juntei num recipiente para lhe mandar de volta.
Mas pelo volume que se fez, achei crueldade lhe mandar tudo,
porque sei que vai sofrer.
Vai arder muito, porque quanto mais, mais choro.
Aqui, se fez tempestade e eu coloquei para que a chuva o lavasse.
E ela o lavou e coloquei-o para que secasse.
E ao secar, lhe mandei os resíduos e tive uma enorme surpresa.
Você ao saber do meu endereçamento,
começou a gritar antes dos fragmentos da pimenta chegarem por ai.
Imagine se eu tivesse terça parte da sua crueldade,
e contratasse uma carreta para lhe devolver todo o excesso que juntei?
Uma carreta, faria muitas viagens!
No meu não dói.
No seu corrói.
MARY PEGO